Microfotografia de uma liga de carboneto de tungstênio.

Conforme abordamos em um post anterior, falhas de qualidade e integridade estrutural em bits de fresagem podem comprometer não apenas a qualidade do serviço, mas a própria fresadora.

Também vimos que peças originais são um meio confiável para evitar surpresas desagradáveis. Mas mesmo assim, nem sempre são garantia do melhor bit disponível. Mas é interessante notar que bits possuem um processo de fabricação muito específico, e nem sempre um fabricante de uma fresadora de qualidade reconhecida consegue ter este mesmo padrão aplicado à essas pequenas e precisas ferramentas de corte.

Microfissuras no metal são invisíveis. O formato pode parecer perfeito à primeira vista, mas variações mínimas na conformação podem gerar um desgaste prematuro.

Além disso, o processo de produção de ferramentas de “metal duro” é muito complexo e de difícil controle de qualidade. Normalmente os bits são compostos de uma liga de carboneto de Tungstênio. Esse material é obtido pela prensagem e sinterização de uma mistura de pós de carboneto e outros materiais de menor ponto de fusão, chamados ligantes (Cobalto, Níquel, Titânio, Cromo ou uma combinação deles). Após a prensagem o composto é usinado, passando depois para a etapa de sinterização, que é o aquecimento a uma temperatura suficiente para fundir o metal ligante, preenchendo então os vazios entre os grãos dos carbonetos. O resultado é um material de dureza elevada, entre 75 e 95 HRA, dependendo do teor de ligante e do tamanho de grão do carboneto. As maiores durezas são conseguidas com baixos teores de ligante e tamanho de grão reduzido. Por outro lado, maior tenacidade é obtida aumentando o teor de ligante e/ou aumentando o tamanho de grão.

O advento do metal duro ocorreu no final da década de 20 e a partir de 1945 a indústria de mineração passou a utilizá-lo nos bits de perfuratrizes.

– De um modo geral, percebe-se pela experiência, que fabricantes de equipamentos para perfuração em mineração são os melhores fornecedores de bits para fresadoras. Grandes perfuratrizes para mineração utilizam bits que precisam suportar forças de impacto muito altas, em rochas de dureza tão grande como o granito. Condições muito mais intensas do que em uma fresadora removendo asfalto. Por isso o mercado de construção de estradas tem atraído a atenção de grandes fornecedores de equipamentos de perfuração (e bits).

Um bit utilizado em um martelo do tipo DTH (Down The Hole) por exemplo, tem características muito diferentes daqueles que são aplicados na fresagem. Mas a alta tecnologia envolvida, é a mesma.

As variáveis são muitas, como o teor de ligante, pureza da atmosfera nos fornos de sinterização e tamanho dos grãos. Até os anos 90, o padrão de qualidade eram grãos com tamanho entre 0.5–3.0 μm. Hoje em dia o padrão é muito mais exigente 20–50 nm.

Os processos de checagem desses elementos chave de qualidade precisam de um controle rígido de microfissuras, da liga metálica e da precisão em seu formato, seja qual for o tipo de bit. E esses processos são os mais difíceis de estabelecer e manter.

Por isso, quem já possui tradição na produção de bits para mineração, tem vantagem no mercado.

Apenas para citar um exemplo, o grupo DYNAPAC, adquiriu em 1988 a SECOROC, empresa líder em produção de bits para mineração. E em 2007, adquiriu a Dynapac. O que aconteceu nos mais de 10 anos em que ambas empresas estiveram no mesmo grupo, foi a aplicação da mesma filosofia de qualidade dos bits SECOROC, nos bits de fresagem . São bits totalmente diferentes, mas que compartilham o mesmo “DNA” de controle de qualidade e produção.

Segundo Carlos Santos, gerente de produto na Dynapac, “a combinação das condições certas permitiu que a Dynapac introduzisse no mercado um produto novo em seu portfólio, mas já contando com décadas de experiência da SECOROC”.

Bits estão muito longe de serem peças secundárias. São essenciais para extrair a máxima qualidade de produtividade e qualidade de uma fresadora.

Acima bits , compatíveis com a maioria dos equipamentos de fresagem do mercado. Abaixo, bits para martelos DTH SECOROC. Aplicações amplamente diferentes, tendo em comum a alta tecnologia.